Este blog tem como objetivo fazer a divulgação do produto educacional "O Jogo do Espião", produzido no âmbito do Programa de Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT) do IFTO - Campus Palmas. Espera-se que por meio deste canal professores de todo o país possam ter acesso ao jogo bem como orientações para aplicá-lo em sala de aula.
A ideia de criar este blog surgiu no decorrer da disciplina eletiva EDUCAÇÃO E TECNOLOGIAS sob a orientação do professor Dr. Claudio Monteiro do IFTO-Palmas.

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Bem-vindos ao Jogo do Espião



Prezado leitor,


abaixo segue um pequeno vídeo explicativo sobre o propósito desse blog.



      Espero que o blog possa auxiliá-lo na compreensão do jogo, bem como subsidiá-lo de informações de como este produto educacional foi desenvolvido ao longo desse projeto.
       A seguir deixo uma série de postagens, que ao meu ver, são importantes para a compreensão do Jogo do Espião, os links com os títulos de todas as postagens estão na aba do lado direito.                      Recomendo a leitura de todos as postagens para que durante a aplicação do jogo, você professor, possa ajudar o seu aluno a se envolver mais ativamente com atividade.

Boa leitura e bom jogo!

welingtonmatt@gmail.com

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Kahoot

Professor,

antes de dar qualquer informação aos seus alunos sobre o Jogo do Espião sugiro usar o Kahoot para realizar um quiz com turma como forma de coletar dados inciais sobre os conhecimentos prévios dos alunos a respeito do tema que será abordado. O uso da plataforma Kahoot é interessante porque ele é bem dinâmico e interativo no geral os alunos gostam muito desse tipo de atividade. O quiz irá aguçar a curiosidade dos alunos e despertar a atenção para os temas mais importantes.

Você pode criar o seu próprio Kahoot, coloque as perguntas que achar conveniente para o desenvolvimento da sua atividade. Deixo aqui registrado algumas dicas daquilo que foi utilizado na aplicação do meu produto educacional.










quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Questionário de conhecimentos prévios

Professor,

outro recurso que o poder ser utilizado antes de começar as atividade do Jogo do Espião é aplicar o questionário avaliativo de conhecimentos prévios, esse instrumento de coleta de dados juntamente com o quiz do kahoot irão subsidiá-lo quanto ao nível de conhecimento dos alunos em relação ao tema proposto, isso poderá direcionar melhor o seu planejamento para aplicação do jogo.

Este questionário pode ser aplicado com a ajuda do Google Formulários, após a aplicação o Google Formulários já lhe oferece todas as informações consolidadas, facilitando a análise.


Clique aqui para ter acesso ao questionário on-line completo.

Do lúdico à educação: Uma preparação para a vida

        Tão importante quanto trabalhar, se divertir, se distrair, ter momentos de ócio são elementos essenciais para o gozo de uma vida plena (DE MASI, 2000). Todas as sociedades em diferentes épocas sempre buscaram nas atividades lúdicas elementos que pudessem oferecer condições para melhorar o estado psíquico entre os cidadãos e o convívio social entre os diferentes povos, influenciando positivamente no desenvolvimento afetivo, físico, social e moral daqueles que jogam. Note-se que a música e a poesia são jogos de palavras; a dança e o teatro são jogos de expressão corporal; corridas, lutas, competições de um modo geral, são jogos que expressam domínio do corpo e saúde física. Essas atividades já foram evidenciadas em todas as culturas e estão historicamente enraizados na própria natureza do homem, a sociedade sempre desenvolveu diversas formas lúdicas para os mais variados fins, como relata Ortiz:

O jogo é um fenômeno antropológico que se deve considerar no estudo do ser humano. É uma constante em todas as civilizações, esteve sempre unido à cultura dos povos, à sua história, ao mágico, ao sagrado, ao amor, à arte, à língua, à literatura, aos costumes, à guerra. O jogo serviu de vínculo entre povos, é um facilitador da comunicação entre os seres humanos. (ORTIZ, 2005, p. 9)

        Assim, podemos perceber que os jogos e as atividades lúdicas são um elemento cultural imanente da sociedade, talvez por isso, existam uma grande variedade de jogos que atenderam ou atendem a fins diversos. Em especial explorar o potencial dos jogos como preparativo para o mundo do trabalho tem sido um estratagema utilizado desde as civilizações mais antigas. Sendo as crianças ainda imaturas – física e psicologicamente – para a realização de atividades laborais mais complexas é necessário prepará-las desde a infância para o mundo adulto, assim o jogo se mostra como um exímio artifício para esse fim. É nesse aspecto que o uso de jogos encontra uma utilidade imprescindível para o crescimento e o desenvolvimento das funções psicomotoras necessárias a qualquer pessoa. No que tange aos procedimentos e estratégias de ensino, o uso de jogos também foi uma das maneiras utilizadas pelos índios brasileiros – ainda no período colonial – para educar e preparar suas crianças para a vida adulta, conforme relata Saviani:

Os meninos não podiam, ainda, acompanhar os pais; mas recebiam deles arcos e flechas e formavam, com outras crianças da mesma idade, grupos infantis nos quais, informalmente, se adestravam no uso do arco e da flecha, além de muitos outros tipos de folguedos e jogos, entre os quais se destacava a imitação dos pássaros. (SAVIANI, 2008, p. 36)

 Desse modo é na infância que devem começar a se destacar os primeiros processos formativos do cidadão, é nesse período que se deve iniciar o ‘treinamento’, a inculcar os primeiros valores que a sociedade deseja que os futuros cidadãos tenham. Quanto maior tempo dedicado a esse treinamento melhor será o desenvolvimento do futuro cidadão, com efeito o jogo e as atividades lúdicas cumprem essa função no que diz respeito às crianças. O jogo é útil porque elas não podem trabalhar como os adultos, para a criança brincar de pintar, correr, construir casas, consertar coisas, jogar bola são atividades tão sérias quanto qualquer trabalho desempenhado pelo adulto. Nesse sentido aproveita-se o jogo para instruir e construir as premissas necessárias para o mundo adulto, o jogo cumpre uma função social de antecipação das ocupações sérias. É através do jogo que se pode começar a entender as regras de convívio, a aceitação das diferenças, o respeito ao outro, compreende-se que vencer e perder são situações naturais que frequentemente podem ocorrer. Com o jogo a criança aprende a lidar com o sucesso e a frustação, entende que para ganhar é preciso dominar técnicas, desenvolver novas habilidades além de aprender coisas novas. Visto dessa maneira, o jogo tem potencialidades que contribuem para moldar a personalidade e ajudam a construir a autonomia da pessoa humana, como pode ser observado na fala de Chateau:

O jogo representa, então, para a criança o papel que o trabalho representa para o adulto. Como o adulto se sente forte por suas obras, a criança sente-se crescer com suas proezas lúdicas. [...] A criança colocada à margem dos trabalhos reais e sócias acha um substituto no jogo. Daí a importância primordial do jogo de nossas crianças. Uma criança que não quer brincar/jogar, é uma criança cuja personalidade não se afirma, que se contenta com ser pequena e franca, um ser sem determinação, sem futuro. (CHATEAU, 1987, p. 29)

              É por meio do jogo que os mais jovens tendem a imitar os adultos, ao brincar de médico ou de construir casas, eles aguçam seu desejo em saber mais sobre estas profissões, começam a delinear os primeiros traços que podem formar sua futura ocupação. Assim o jogo se torna uma espécie de estratégia dotada de sentido prático, é a transfiguração para o mundo que ela deseja ter, é a materialização de suas aspirações ainda impossíveis. Ciente desse potencial, o homem e a sociedade como um todo tem explorado esses aspectos fazendo do jogo um substituto, um preparativo para o mundo do trabalho, como no exemplo dos índios brasileiros, as brincadeiras visavam a preparação para a formação do futuro caçador, provedor da família e da tribo. A sagacidade em usar os jogos como uma estratégia de ensino consiste justamente no fato de inculcar suavemente e progressivamente na mente das pessoas, principalmente nas mais jovens, os valores sociais, os princípios morais e éticos que cada sociedade traz consigo. Ainda que não seja de maneira formal a brincadeira e o jogo realizado em casa ou fora dos muros de uma escola tem sim um papel pedagógico, para Chateau (1987, p. 124) “é muito claro que o jogo não exercita apenas os músculos, mas a inteligência” independentemente do local ou cultura em que estejam inseridos. O jogo educa os sentimentos e os anseios mais impulsivos da pessoa, pois ao jogar ela está sujeita a um código, a regras preestabelecidas que foram aceitas por todos, ganhando ou perdendo as normas devem ser respeitadas sob a penalidade do julgo dos demais participantes, vê-se aqui a aceitação tácita das leis que regem as condutas sociais.
             Outrossim o jogo tem características muito semelhantes ao que encontramos na escola, ele é um provedor de interações sociais capazes de proporcionar variadas oportunidades de aprendizagem. Quando o professor solicita a resolução de uma atividade, uma tarefa, a criança ou o jovem a vê como um desafio a ser superado, ora, no jogo as pessoas são constantemente desafiadas a resolver algo, a realizar uma tarefa. Desse modo, o jogo anterior ao mundo da escola já ensina as pessoas a se socializar, a entender o que é uma tarefa, ensina-nos o que é um desafio, que o sucesso é alcançado superando desafios. A escola está a todo momento colocando novos “obstáculos” para que os estudantes o superem, isso é algo intrínseco do jogo, daí o motivo pelo qual o jogo está sempre sendo conclamado como um excelente elemento pedagógico, há inúmeras formas e maneiras de aproveitá-lo na sociedade e na escola.

        No que tange aos aspectos pedagógicos mais especificamente voltados à educação formal há relatos do uso de jogos pelos pensadores desde a Grécia antiga, “Platão já acreditava na ação dos jogos educacionais ao ensinar seus “discípulos”, através de jogos com palavras e/ou jogos lógicos (dialética)” (GRANDO, 2000, p. 2). Assim parece mister que a utilização de jogos desempenha, a muito tempo, uma função educativa formal. Para Ortiz (2005, p. 9) “o jogo deve ser utilizado como meio formativo na infância e na adolescência. A atividade lúdica é um elemento metodológico ideal para dotar as crianças de uma formação integral”.
      Na Base Nacional Comum Curricular - BNCC (2017), preconiza que os jogos são atividades que devem explorar a criatividade e o respeito às regras, pela obediência, bem como o desenvolvimento do ato de lúdico. Dessa maneira é notório que ao longo de sua história o ser humano sempre praticou atividades recreativas que lhe servem de distração, entretenimento, relaxamento de outras atividades consideradas mais sérias. Os jogos fazem parte da própria história do homem enquanto ser social, necessita desses instrumentos interagir com seus pares se mantendo saudável física e psicologicamente. Assim, natural ou propositalmente todo esse potencial formativo e preparativo vergou-se para finalidades pedagógicas explicitas, para se ensinar matemática por exemplo. As vivências do jogo pressupõem um enriquecimento integral do homem em suas distintas formas.

terça-feira, 19 de novembro de 2019

O Jogo da Imitação

Professor, segue uma excelente sugestão de filme para compreender todo o contexto histórico e importância do uso da criptografia. Caso os alunos já tenham assistido ao filme vale a pena orientá-los a vê-lo novamente observando agora o filme com um olhar mais analítico e crítico. 



Bom filme!!!!

Criptografia e as Mensagens Codificadas

          A criptografia é uma técnica utilizada há vários séculos para dar segurança e proteção a um certo de tipo de informação durante uma troca de mensagens, garantindo que seu conteúdo só possa ser acessado apenas pelos dois elementos envolvidos no ato da comunicação: o remetente e o destinatário. A criptografia transforma informações que eram compreensíveis em algo inteligível, ou seja, que não possa ser compreendido por um agente externo. Para criptografar uma mensagem é necessário usar uma chave de criptografia, que é um algoritmo (sequência lógica de procedimentos) para embaralhar as mensagens, de modo que seja impossível para um intermediário que tenha acesso a elas compreender o conteúdo. Portanto, as mensagens que passam por esse processo são chamadas de mensagens codificadas. Para tornar o texto compreensível novamente, é necessário ter acesso à chave correta e/ou algoritmo usado para criptografar a mensagem e assim fazer o caminho inverso utilizado durante a codificação. Dessa forma, apenas a pessoa que detém a chave pode ver os dados originais.
        Como mencionado, o uso de mensagens codificadas ou criptografadas é tão antigo quanto a própria escrita, conforme Sá (2010, p. 98) ela “já estava presente no sistema de escrita hieroglífica dos egípcios”. As razões para se codificar uma mensagem são variadas e se fazem presente na vida do homem, sejam para guardar “segredos familiares, segredos sentimentais, segredos pessoais, segredos religiosos, segredos militares ou governamentais” (SÁ, 2010, p. 98). O fato é que sempre houve a necessidade de se esconder e por consequência de se descobrir uma mensagem que outrora estivesse codificada.
         Mensagens codificadas possuem grande utilidade para o mundo contemporâneo, principalmente no que tange a Teoria da Informação e ao mundo da comunicação na era da informática. Codificar mensagens tem a ver com a necessidade de enviar uma informação de maneira segura entre o emissor e o receptor. Evitar erros de comunicação em meios eletrônicos é um princípio básico, imagine o transtorno ao pagar uma conta no valor de R$ 100,00, via internet, se essa informação fosse interpretada como R$ 1.000,00. Se os processos de comunicação não forem seguros as chances de erro durante a comunicação podem ser desastrosas. Com o avanço das tecnologias da informação e comunicação o tráfego de informações tem sido cada vez maior, nesses casos quanto maior o seu fluxo, maior é a necessidade de que elas sejam protegidas. De acordo com Sá (2010, p. 99) “o único método disponível que oferece proteção tanto no armazenamento, quanto no transporte de informações por uma rede pública ou pela internet, é a criptografia.
       Na verdade, nem toda mensagem codificada é secreta, isso depende da necessidade dos interlocutores. Atualmente, os processos eletrônicos de comunicação codificam as mensagens que são transmitidas, mesmo que uma informação não seja secreta. Logo a criptografia e criptanálise (códigos secretos e métodos de quebrá-los) são amplamente utilizados nos processos de comunicação. Ainda que os meios de comunicação não sejam eletrônicos a comunicação codificada é importante para preservar o sigilo da informação. Como já salientado, os meios eletrônicos de comunicação são relativamente novos ao se comparar com a história da humanidade. Atualmente temos o privilégio de nos comunicar a longa distância diretamente com nosso interlocutor, isso não era possível há dois séculos atrás, assim uma informação que viajava para uma distância considerável, provavelmente, passaria pelas mãos de muitas pessoas. Portanto codificar a mensagem de modo que apenas o emissor e o receptor pudessem compreendê-la foi a melhor opção para garantir a confidencialidade da informação.
           Um fato interessante é que a utilização de mensagens codificadas ou criptografadas para fins militares foi primeiramente utilizado pelo imperador romano Júlio César, por volta de 20 a. C. para se comunicar com seus generais que provavelmente podiam se encontrar a centenas de quilômetros. César usava uma ideia simples a partir do próprio alfabeto, que ficou conhecida como Cifra de César. Se ele necessitava enviar uma mensagem de modo a garantir que se ela caísse em mãos inimigas e não fosse compreendida, o imperador simplesmente trocava as letras da palavra original por um deslocamento simples do alfabeto, de modo que a palavra atacar fosse escrita como xqxzxo. Com essa técnica “pode-se codificar a mensagem transformando cada letra do alfabeto normal na letra que está na mesma posição no alfabeto deslocado” (Stewart, 2016, p. 310), conforme pode ser observado no quadro abaixo, em que o alfabeto deslocado representa a mensagem codificada.

Alfabeto
Normal
A
B
C
D
E
F
G
H
I
J
K
L
M
Alfabeto Deslocado
X
Y
Z
A
B
C
D
E
F
G
H
I
J

Alfabeto
Normal
N
O
P
Q
R
S
T
U
V
W
X
Y
Z
Alfabeto Deslocado
K
L
M
N
O
P
Q
R
S
T
U
V
W

      Obviamente a Cifra de Júlio César é um recurso criptográfico bastante simples e por consequência a desencriptação (revelar a mensagem codificada) também é bastante simples. Porém esse recurso para época foi bastante útil e demorou a ser descoberto.
           Matematicamente, se presentarmos A como posição zero, ou seja, A = 0, B = 1 e assim por diante, temos então 26 posições e se deslocarmos uma letra 26 casas, ela volta a sua posição original, no caso da letra A volta a ser zero, assim o módulo é 26 – quantidade de letras do alfabeto. No exemplo dado, temos A sendo levado deslocado três posições para a direita correspondendo a letra D, pois 0 + 3 = 3 (mod 26). Se C = 2, então 2 + 3 = 5 (mod 26), logo C corresponde a letra F. Generalizando temos que a regra/chave/cifra de encriptação pode ser descrita como , onde é a posição original da letra e o deslocamento escolhido. Obviamente a regra/chave/cifra de desencriptação é dada por .
              Mesmo vários séculos após César ter usado a técnica acima, o uso de mensagens codificadas em operações militares continuou sendo uma necessidade. Um dos mais conhecidos sistemas de codificação de mensagens, a máquina Enigma, foi desenvolvida pelos alemães e amplamente utilizada durante a segunda guerra mundial. A máquina possuía um sistema com vários rotores que embaralham o alfabeto de maneira semelhante a Cifra de César, sendo adicionados ainda outras técnicas que aumentavam exponencialmente a segurança da criptografia. Assim ao digitar uma palavra na Enigma, por meio dos rotores, as letras eram embaralhadas gerando uma mensagem codificada que podia ser transmitida por rádio via Código Morse, assim se a mensagem fosse interceptada, sem a chave correta, haviam 150.738.274.937.250 possibilidades distintas. Como forma de garantir que os inimigos não conseguissem decifrar a mensagem a chave de encriptação era trocada diariamente, o que dificultava ainda mais o processo de desencriptação.
         Em janeiro de 1940 o segredo da máquina Enigma “foi quebrado por matemáticos e engenheiros eletrônicos trabalhando em Bletchley Park, sendo o mais famoso deles o pioneiro em ciência da computação Alan Turing” (Stewart, 2016, p. 315). Após a quebra do segredo da Enigma os Aliados passaram a usar as informações interceptadas para conquistar vantagem em relação aos alemães. Retirando-se o senso artístico, o filme O Jogo da Imitação – título em português – retrata o processo de desencriptação da Enigma realizado por Turing e seus colaboradores.
          Mesmo sem sabermos estamos a todo momento usando mensagens codificadas, assim a criptografia é a base das tecnologias da informação e comunicação, isso acontece quando realizamos uma operação bancária, quando nos comunicamos por áudio e vídeo ou quando realizamos um exame médico. Enfim, a criptografia é utilizada em diversas áreas do conhecimento humano, que vão desde os estudos do genoma humano, a economia, segurança de redes e as mais diversas áreas da microeletrônica.

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

O código Morse

        A necessidade de se expressar uns com os outros é um atributo imanente dos seres humanos, sua capacidade de transmitir e acumular informações é uma das principais características que nos distingue dos demais animais. A voz humana é o meio mais natural em que se processa a comunicação. Até mesmo na Grécia antiga os primeiros filósofos costumavam repassar seus ensinamentos apenas oralmente, uma comunicação direta entre o emissor (locutor), aquele que emite a mensagem e o receptor (interlocutor), aquele que a recebe e a decodifica, no caso dos filósofos gregos, mestres e aprendizes.
          Foi a necessidade de deixar registrada uma informação que deu a origem a escrita, a invenção do alfabeto, seja ele em qualquer língua ou cultura, representou um avanço gigantesco nos processos de comunicação, todavia na era primitiva os homens já registravam informações nas paredes de cavernas através de pinturas rupestres, segundo (EVOLUÇÃO..., 2010, p. 1) “Os primeiros registros de comunicação escrita datam de 15.000 a.C., com a descoberta de desenhos em cavernas na África”. Desde então, os meios de comunicação vêm se desenvolvendo a medida que a própria sociedade necessita de processos mais eficientes e rápidos para se comunicarem. Os primeiros registros de um sistema que pode ter usado os princípios característicos de comunicações a longa distância também vêm da África, com “o emprego de sinais sonoros por tambores, por tribos africanas e em outros continentes, o emprego de sinais de fumaça por índios, na América do Norte” (EVOLUÇÃO..., 2010, p. 1), por exemplo.
         Um fato curioso que explica essa necessidade ocorreu em 490 a.C. quando o Império Persa decidiu invadir a Grécia. A estratégia dos persas era desembarcar na praia de Maratona e marchar até Atenas, onde violariam as mulheres e sacrificariam as crianças, ao saber desses planos, os gregos antes de partirem para a guerra, orientaram suas esposas a matar os filhos e se suicidarem caso não vencessem a batalha. Vencedores, os gregos precisavam comunicar a vitória a Atenas, assim o general Milcíades deu a Fidípedes, um exímio corredor, “a missão de percorrer o mais rápido possível os cerca de 40 km entre Maratona e Atenas para levar a mensagem do triunfo sobre os persas e evitar que as mulheres executassem o plano” (PRIMEIRO..., 2016, p. 1). Segundo a história, Fidípedes morreu após chagar a Atenas e entregar a mensagem. Tal fato inspirou a famosa prova de atletismo Maratona.
          Esses e outros fatos fizeram da necessidade de se comunicar a longas distâncias um motivo de estudo para muitas pessoas em diferentes lugares e épocas. Com o avanço das ciências e principalmente dos estudos relacionados a eletricidade e magnetismo, surge o telégrafo, um aparelho ligado por fios e eletroímãs, que se utiliza da emissão de impulsos eletromagnéticos para de enviar mensagens a longas distâncias. O telégrafo é considerado uma das grandes revoluções dos meios de comunicações sendo um dos primeiros sistemas modernos de comunicação. A palavra telégrafo é de origem grega, sendo Tele de distância e Grafo de escrita, ou seja, escrever à distância. A história acerca da invenção deste aparelho é controversa e conta com a contribuição de várias pessoas até o desenvolvimento final desse equipamento e seu uso definitivo como meio de comunicação a longa distância.
        Antes do telégrafo elétrico outros tipos de telégrafos formam criados. Em 1791, surgiu na França, com as experiências do engenheiro Claude Chappe, o primeiro telégrafo realmente prático. Seu invento consistia num aparelho de sinalização óptica composto de um poste com uma barra transversal superior, em cujas extremidades giravam duas barras menores. As posições dessas barras simbolizavam palavras ou letras e ligavam as cidades de Paris e Lille. Tal aparelho tinha uma limitação, por ser óptico, sua utilização dependia das condições de visibilidade local e também a transmissão das informações, de um ponto a outro não poderia ser grande.
     No final do século XVIII e início do século XIX muitas experiências utilizando a eletricidade foram feitas com intuito de criar um aparelho que pudesse enviar mensagens a longas distâncias. Com a invenção do eletroímã, em 1825, pelo britânico William Sturgeon iniciou-se uma nova era de experimentos e aparelhos que revolucionariam a comunicação eletrônica. Já em 1830, o norte-americano Joseph Henry conseguiu demonstrar todo o potencial do eletroímã “para comunicação a longa distância enviando uma corrente eletrônica por mais de um quilômetro de fio para ativar um eletroímã, fazendo um sino tocar” (BELLIS, 2019, p. 1). Já em 1837, novamente dois britânicos, William Cooke e Charles Wheatstone patentearam o um equipamento usando o mesmo princípio do eletromagnetismo.
         Todavia foi o americano Samuel Finley Breese Morse (1791-1872), que ficou mundialmente famoso pelo uso do telégrafo. Morse não era engenheiro e nem físico, era professor universitário do curso de artes. Em meados da década de 1820, na Europa, ele começou a se interessar pelas pesquisas sobre comunicações, principalmente no que diz respeito a transmissão de textos a longa distância, tanto que abandonou sua profissão para se dedicar a telegrafia. Como já mencionado, o telégrafo foi resultado de estudos e pesquisas de muitas pessoas, inclusive muitas transmissões eram feitas mesmo antes do invento de Morse. No entanto foi ele quem idealizou e construiu um equipamento que realizou de maneira eficaz, rápida e simples uma transmissão a longa distância. Desse modo o sistema telegráfico:

Desenvolvido por ele teve uma extraordinária vantagem, menos pelo equipamento em si (que também era bom por ser simples e barato) mas, principalmente, pelo código criado por Morse, que permitiu, com o som, que operadores treinados pudessem receber e enviar textos em volume e rapidez. Esta possibilidade se estendeu, não só para transmissões com fio, como também com o uso, mais tarde, de sistemas radio (sem fio) e outros meios, como as comunicações entre navios por holofote, sempre usando o código Morse, como ficou conhecido. (EVOLUÇÃO..., 2010, p. 8)


O equipamento de Morse era tão simples que possuía apenas um fio, e para transmitir uma mensagem de um local a outro ele precisou desenvolver um aparelho que emitisse e receptasse sons através de impulsos elétricos.

                                      

       Assim ele criou um código binário representado apenas pelos caracteres, ponto e traço. Para emitir cada caractere, ele determinou três marcas de tempo “as quais ele denominou de ponto (quando o operador fechava contato no equipamento, por apenas 1 seg); traço (quando o operador fechava contato no equipamento, por 3 segs) e espaço (uma pausa maior para separar palavras) (EVOLUÇÃO..., 2010, p. 5, grifo do autor). Obviamente os operadores do telégrafo de Morse eram pessoas treinadas tanto para emitir, e principalmente receber os códigos, uma vez que dependiam da audição devidamente treinada para compreender os códigos.
         Para enviar os textos ele desenvolveu uma árvore contendo os caracteres ponto e traço, ao qual posteriormente ele associou ao alfabeto. Veja o desenvolvimento da árvore de códigos criada por Morse.

      
Observe que para os códigos iniciados com o ponto, para cada deslocamento feito para baixo repete-se o caractere que está imediatamente acima. Para cada deslocamento para a esquerda acrescenta-se um ponto e para a direita um traço. A mesma ideia foi usada para os códigos iniciados com o traço.

        Observe agora que para os códigos iniciados com o traço, para cada deslocamento feito para baixo repete-se o caractere que está imediatamente acima. Para cada deslocamento para a esquerda acrescenta-se um traço e para a direita um ponto.
        Para associar estes códigos ao alfabeto, Morse fez um estudo sobre o emprego das letras que mais eram utilizadas na língua inglesa, e observou que a letra E e a letra T eram as mais usadas, daí ele associou E ao ponto e T ao traço. As demais letras foram associadas ao seu código obedecendo esta mesma regra, ficando assim estabelecido o alfabeto Morse.

        Em 1835 Morse registrou a primeira patente do seu aparelho de telégrafo. Em 1840 ele buscou recursos junto ao governo americano para financiar seu projeto experimental, para convencer os governistas ele e seu sócio, Alfred Vail, fizeram uma transmissão entre as cidades de Baltimore e Annapolis que acabaram por convencê-los do potencial de seu aparelho. Assim segundo (EVOLUÇÃO..., 2010, p. 7):

No dia 24 de maio de 1844 foi passada a famosa mensagem “What hath God wrought” pelo transmissor localizado em um gabinete da Congresso americano em Washington, e recebida com sucesso em Baltimore, onde se encontrava seu sócio Alfred, o qual respondeu e a experiência foi concluída com sucesso.

            Após a invenção de Morse, outros tipos de telégrafos foram inventados, empresas de comunicação foram criadas e o uso do telégrafo juntamente com o código Morse se expandiu praticamente para todas as grandes nações, inclusive no Brasil. O telégrafo e o Código Morse começaram a perder espaço com a invenção do telefone em 1876 por Alexander Graham Bell.